Associados a diversas atividades primárias os moinhos são uma demonstração clara da simbiose entre o aproveitamento das águas, a natureza e a economia rural local. O relevo acidentado, os declives elevados e os vales fluviais, favoreciam o aumento da velocidade do escoamento das águas, fatores fundamentais no aproveitamento hidráulico por parte dos moinhos de água nas ribeiras e das azenhas no rio.
“Eles representam [os moinhos e as azenhas] também, com a sua engrenagem de moenda ao mesmo tempo muito singela e muito elaborada, a forma mais evoluída de um sistema primitivo de trituração dos grãos de cereal entre duas pedras, para fabrico de farinhas alimentares, cuja origem remonta aos tempos pré-históricos, em relação com as primeiras conquistas e aquisições do homem agricultor…”
VEIGA DE OLIVEIRA, Ernesto, F. GALHANO e B. PEREIRA (1983)*
O cultivo dos campos, na Freguesia de Olalhas, era exclusivamente para subsistência familiar. Os cereais tinham um papel preponderante na alimentação de base humana, na confeção do pão como bem essencial, bem como alimento da criação dos animais que mantinham para o seu sustento. Entre os cereais cultivados, destaca-se em larga escala o milho, sendo menos significativo o trigo, o centeio e a cevada.
O INICIO DA TRITURAÇÃO DOS CEREAIS – MOAGEM DOS GRÃOS
As primeiras mós conhecidas, denominadas de “rebolo”, eram constituídas por dois toscos blocos de pedra: um maior, com a face superior lisa e encovada pelo desgaste de outro, mais pequeno e reboludo que sobre aquele se movia a braços para cá e para lá. Em época indeterminada a mó móvel foi furada, passando a funcionar com um espigão, no início não era central e com um punho adaptado nessa mó, sendo-lhe aplicado um movimento de avanço e recuo. Certos investigadores consideram ter sido o ponto de viragem para a “mó rotativa” quando o espigão passou para o centro de ambas as pedras, e o seu movimento passou assim a ser circular completo. As “mós giratórias” espalharam-se rapidamente através do Império Romano, sendo inicialmente pequenas, fáceis de transportar pelos seus soldados, transformando-se em “aparelhos” familiares que moíam pequenas quantidades de grão necessário ao consumo semanal diário. FERNANDO GALHANO (1978). **
“Jorge Dias entende que estas mós foram trazidas para aqui [região atual de Portugal] pelos Romanos a partir da conquista e colonização da Península por esse povo” (…) “Não dispomos de elementos que permitam situar exatamente a data do aparecimento dos moinhos de água nas regiões que correspondem hoje a Portugal, mas parece legítimo supor que eles tenham também sido introduzidos aqui pelos Romanos, como um aspeto de difusão geral do sistema por todo o Império.”
VEIGA DE OLIVEIRA, F. GALHANO e BENJAMIM PEREIRA (1983) *
*OLIVEIRA, Ernesto Veiga de, GALHANO, Fernando e PEREIRA, Benjamim, Tecnologia Tradicional Portuguesa. SISTEMAS DE MOAGEM, Lisboa, 1983.
**GALHANO Fernando, Moinhos e Azenhas de Portugal, Lisboa (Associação Portuguesa dos Amigos dos moinhos) Secretaria de Estado da Cultura,1978. Citação conceptual
Fotografias extraídas da seguinte publicação:
Sistemas de Moagem, de Veiga de Oliveira, F. Galhano, B. Pereira – 1,2,3,4