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A MOAGEM DE CEREAIS – a moenda

“O mecanismo da moagem propriamente dito – a moenda – é no seu esquema essencial, igual nos moinhos de roda horizontal e de roda vertical. Ele consta primordialmente de um par de mós de pedra; a superior móvel – a andadeira [*] e a inferior fixa – o pouso – entre as quais se opera a farinação do cereal. Estas mós, circulares e espessas e pesadas, têm um buraco redondo a meio – o olho da mó – e rasgos diversos [**] nas duas faces de encosto, que encaminham o grão para as superfícies de farinação e as arejam. Sobre a andadeira situa-se uma caixa de maiores ou menores dimensões, com um fundo em forma de tronco de pirâmide invertida e aberta – a moega, onde se deita o grão que vai sendo moído. O grão corre da moega até ao olho da andadeira, por onde cai, para ser triturado, por uma calha de madeira, inclinada – a quelha –; diversos tipos de reguladores da quelha graduam, como o seu nome indica, a inclinação desta; e os chamadouros do grão também de diversos tipos, fazem, tombados sobre a mó vibrar a quelha, provocando e assegurando a saída e a queda ininterrupta do grão no olho da mó. Dentro da moega, imobilizado pelo grão que o recobre, há um dispositivo – um chocalho – que liberto, avisa o moleiro quando o grão está a acabar, se solta e se faz ouvir, avisando o moleiro para que torne a encher a moega. A moega está suspensa, em determinadas áreas de um caixilho de barrotes horizontal, apoiado numa armação de paus ou presa a uma tábua cravada num prumo forte, atrás da moega, de modo que a extremidade aberta da quelha fique sobre o olho daquela mó. As duas mós, andadeira e pouso, são rodeadas por taipais de tabuinhas ou de chapa – os cambeiros [***] abertos à frente, por onde vai saindo a farinha que cai para um espaço do sobrado – o tremonhado – [****] protegido lateralmente por anteparos de madeira, e à frente por um pano ou uma tábua.”

OLIVEIRA, Ernesto Veiga de, GALHANO, Fernando e PEREIRA, Benjamim, Tecnologia Tradicional Portuguesa. SISTEMAS DE MOAGEM, Lisboa,1983.

Nota: todas as notificações indicadas, foram introduzidas intencionalmente para uma adaptação aos termos usados nesta região, e consequentemente uma melhor compreensão do texto. São baseadas em testemunhos orais do descendente direto de José Lopes – José Acto Lopes, cujos conhecimentos foram transmitidos por seu pai, tendo laborado com ele na Moagem Elétrica, ainda durante os seus tempos de juventude.

* Nesta zona chamada corredoura.
** Aqui na zona chamadas estrias. Nos moinhos de água da Ribeira estas estrias não existiam, porque as mós movimentavam-se mais devagar e eram mais pequenas, apesar de terem de ser também picadas para uma boa qualidade da farinha.
*** Nesta região tem o nome de cambeiral. Na moagem elétrica este cambeiral tapava totalmente as mós, feita de chapa de ferro. Era um cambeiral que envolvia as mós, completamente tapado por um círculo de madeira perfeitamente encaixado no cambeiral de chapa, de forma a torna-lo uma peça única. Esta tampa circular em madeira, recebia por sua vez, os suportes em madeira onde estava apoiada a moega em chapa. Este cambeiral estava adaptado a este tipo de moagem, porque as mós, movidas a eletricidade atingiam uma rotação considerável que a sua velocidade faria dispersar a farinha. Desta maneira era aproveitada na íntegra O cambeiral retirava-se por inteiro, quando da necessidade de picar as mós.
**** Na região, tem o nome de tina em madeira com tampa de dobradiças, tanto usada nos moinhos da ribeira, na azenha, bem como na moagem elétrica de José Lopes.

Mó doada representativa das existentes na Moagem Eléctrica no Alqueidão, de José Lopes, doada pelos descendentes da sua filha mais velha, Maria de Jesus Lopes: Maria de Fátima Lopes Correia de Carvalho Branquinho; António José Lopes Correia e Madalena de Jesus Lopes Correia Sampaio

Reprodução doada por Pedro Brito.

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